segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Artigo: Estabelecendo Limites

ESTABELECENDO LIMITES

Por: Silvia Damini - Psicóloga Clínica e Organizacional

CRP07/16710

 
A educação de uma criança é algo desafiador. Constitui-se em uma teoria muito difícil e complexa, pois é necessário atravessar algumas fases críticas do desenvolvimento. As mesmas normas ou os mesmos comportamentos não servem para todas. Cada uma tem a sua realidade, sua personalidade e sua individualidade.
O afeto é essencial na educação dos filhos, mas é preciso que os limites façam parte dessa realidade. Sabe-se que tratar afetuosamente os filhos, com base na confiança, respeito e diálogo é uma das melhores maneiras de corrigir seus erros. Estabelecer limites pode não ser tarefa fácil, mas é através deles que é ensinado à criança o respeito, a compreensão, a tolerância, enfim, regras que permitirão uma boa convivência com as pessoas.
As regras dever ser claras, objetivas e coerentes. Uma criança agirá de forma disciplinada quando está bem consigo mesmo, quando sua maneira de ser é respeitada, quando seus limites são esclarecidos, clara e firmemente, e quando seu bom comportamento é reconhecido.
O mau comportamento pode estar indicando a maneira encontrada pela criança de enfrentar as situações e o mundo como pode, por não saber o que os outros esperam dela, ou simplesmente para conseguir tudo o que desejam. Pode estar representando, também, uma forma de pedir ajuda ao adulto e de que eles estabeleçam normas. Muitas vezes, os pais satisfazem os filhos em todas as suas vontades para evitar conflitos e sofrimentos, porém acabam por prejudicar o desenvolvimento da capacidade de enfrentar dificuldades e suportar frustrações.
Segundo T. Berry Brazelton e Joshua D. Sparrow, é necessário estabelecer limites para que os filhos se sintam seguros. Acrescentam, ainda, que a disciplina é o segundo maior presente que os pais podem dar aos seus filhos. O amor, obviamente é o primeiro.
Os limites se fazem necessários para que a criança se sinta amada e segura. Não estabelecê-los equivale a deixá-la sozinha no mundo, sem rumo e indefesa. Os limites demarcam e estabelecem as normas de cada família, além de definir direitos e deveres. Oferecem à criança a oportunidade de distinguir o que é certo e o que é errado, revelam os valores dos pais e mostram o que eles esperam dos filhos.
Com a falta de tempo dos pais, os filhos iniciam desde cedo a inversão de valores, e aprendem o que deveriam aprender através dos pais, com a televisão, colegas, revistas e de muitas outras fontes não confiáveis. Muito se confunde o conceito de autoridade como algo construído sem respeito, sem integridade. Ao contrário do que se pensa, a autoridade é firmeza e persistência nas palavras. Sabe-se que é mais difícil para a criança conviver com a falta do “não” do que com a sua presença.
Torna-se fundamental construir a disciplina com amor. Em geral, os pais hesitam entre ser autoritários e tolerantes. A agressão física e verbal, os castigos muito severos e o autoritarismo não dão resultados positivos. Uma criança educada dessa forma pode acumular raiva e ressentimentos que prejudicam suas relações interpessoais e podem torná-lo um adulto inseguro, temeroso e, muitas vezes, violento.
Da mesma forma, ser totalmente complacente pode levar os filhos a se tornarem adultos dependentes, imaturos, pessoas que não toleram frustrações, que querem resultados imediatos, pouco persistentes na busca de seus objetivos, ou inconstantes em seus relacionamentos. Atitudes estremadas podem prejudicar o desenvolvimento da criança.
Clareza é a chave do sucesso. As crianças precisam de limites no momento que os pedem. Fica mais fácil para aprender e para crescer. Segundo Marcelo Cunha Bueno, a “agressividade infantil” é, muitas vezes, um pedido de socorro. Um pedido pela presença do adulto, um pedido que deve ter começado lá atrás, desde cedo, e que as famílias não souberam ou não quiseram ler. É preciso colocar limites nas ações dos adultos, pois eles são os únicos responsáveis pelas crianças que cuidam.
Portanto, é de fundamental importância encontrar e procurar um ponto de equilíbrio. Lembre-se: seja claro, estabeleça limites, admita o erro, dê o exemplo.

 


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